Servidores de laboratório de Boa Vista são expostos a substâncias tóxicas sem EPIs, denuncia Sitram

Diretores do Sitram fiscalizam o Centro de Prevenção do Câncer de Colo e Mama e constataram a falta de equipamentos de proteção individual / Foto: Gabriel Gomes /

Em pleno abril verde, mês voltado à saúde e segurança no trabalho, a Prefeitura de Boa Vista demonstra total indiferença e falta de cuidado com os servidores do laboratório de citopatologia do Centro de Prevenção do Câncer de Colo e Mama (CPCOM).

Um grupo de trabalhadores relatou ao Sitram (Sindicato dos Trabalhadores Municipais de Boa Vista) uma estrutura improvisada, falta de equipamentos de proteção individual (EPI), capela de exaustão, móveis improvisados corroídos pela ferrugem e descarte incorreto do lixo tóxico. Nestas condições, os técnicos passam mal ao inalar substâncias químicas, como o xilol.  Os diretores da entidade trabalhista visitaram o local e confirmaram as condições precárias e insalubres.

A médica Carina Duarte Pezzin, clínica geral, alerta para a necessidade de usar máscara e outros meios de proteção em laboratórios. Segundo ela, a exposição ao xilol sem EPI’s causa “cefaleia, tosse seca, a pessoa pode ter dificuldade respiratória, irritação ocular, em alguns casos pode levar a dermatite e vários outros sintomas”.

Em visita ao local, os dirigentes do Sitram notaram odor nauseante do xilol. “É impossível ficar mais de 3 minutos no prédio sem se sentir mal”, constatou Conceição Filha. “Eu passo mal. Me dá dor de cabeça. Fico muito alterada. Me dá crise de ansiedade”, relatou a técnica em citologia que preferiu não se identificar.

A capela de exaustão representa um componente vital em laboratórios onde há manipulação de substâncias químicas, tóxicas, vapores agressivos, partículas ou líquidos em concentrações perigosas para a saúde. Sua presença é obrigatória como medida de proteção coletiva, garantindo que todas as manipulações suscetíveis a reações perigosas sejam realizadas dentro de um ambiente controlado e seguro. Entretanto, os denunciantes, que temem perseguições políticas, dizem que desde 2015 não há o equipamento no CPCOM. O local também não possui lava olhos e saída de emergência.

Sem obter respostas aos ofícios enviados à Secretaria de Saúde e ao gabinete do prefeito, o Sitram cobrou a adequação das condições básicas de funcionamento do laboratório na Mesa de Negociações do SUS, colegiado deliberativo com participação de autoridades e da sociedade civil organizada. Para o representante do Sindicato, Raimundo da Cunha, o secretário adjunto, Rodrigo Matoso, informou que as adequações seriam feitas em até 45 dias. “O prazo encerrou no último dia 20 de abril e nada foi corrigido no CPCOM”, denuncia Lucinalda Coelho, presidente do Sitram.

A Norma Regulamentadora 32 do Ministério da Saúde estabelece diretrizes para a segurança e saúde no trabalho em serviços de saúde. Ela aborda especificamente a prevenção de infecções no ambiente de trabalho, garantindo a proteção tanto dos trabalhadores da área da saúde quanto dos pacientes. Entre as medidas importantes incluídas estão: higiene pessoal, limpeza e descontaminação, esterilização e desinfecção. 

“Simplesmente, a Prefeitura não está respeitando a lei”, reclama Lucinalda. As servidoras lamentam as condições a que são submetidas e esperam soluções. “É desanimador trabalhar aqui”, lamentou outra técnica do CPCOM.

DA REDAÇÃO: Solicitamos posicionamento da Prefeitura de Boa Vista sobre as denúncias do Sitram e aguardamos retorno.

FELIPE MEDEIROS

Categoria:Política

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